O Poder de soltar XIV
A dissonância cognitiva de 90% das vezes em que se fala do soltar acontece por causa do ego (Complexo-R, cérebro reptiliano) que não quer entender o significado e as consequências de soltar. É exatamente a mesma coisa em relação ao versículo “buscai primeiro o Reino dos Céus e tudo o mais vos será acrescentado”.
Se a pessoa não coloca a Centelha Divina em primeiro lugar como prioridade máxima na vida é virtualmente impossível soltar. O soltar é uma função da Centelha Divina. O desapego é uma coisa que vai totalmente contra o que o ego quer. O ego quer coisas, bem-estar, estabilidade, segurança, zona de conforto, conseguir, conquistar, território, poder, posses, etc. Como o ego entenderá que não pode conseguir isso tudo sem soltar?
Lembram-se da palestra em que foi dito que para ser um cocriador consciente é preciso ser um Buda? Somente no estado búdico é que é possível cocriar. Porque o cocriar não é uma função do ego. É uma função da Centelha Divina. É ela que cria e cocria.
Quem faz o colapso da função de onda? É a Centelha Divina que faz. Somente o Criador tem o poder de fazer com que o elétron se comporte de determinada maneira. E é por isso que é muito difícil entender e aceitar isso. Todas as escolhas que são para o bem de todos, para construir, ajudar, crescer, evoluir, são funções da Centelha Divina. Basta ceder o comando para a Centelha Divina que tudo no devido tempo terá solução. Falo no devido tempo porque existe o carma criado pelas ações passadas. Este carma tem de ser resolvido, equacionado, liberado, pago, etc. O que foi semeado tem de ser colhido. No site História Revisitada listarei alguns livros que ajudarão a esclarecer o que é carma, o que foi a história da humanidade, o carma que criaram, etc. Essa história por mais distante que esteja no tempo continua tendo consequências até hoje. Para entender o que acontece hoje na humanidade é preciso estudar a história desde os sumérios detalhadamente. Todas as atrocidades, destruição e crueldades que foram feitas. Não é uma leitura para pessoas sensíveis. A crueldade humana não tem limites. Mas, é extremamente instrutivo conhecer a história. Assim pode se entender o presente e o que vem pelo futuro.
Desde o começo da história os humanos poderiam ter soltado. Mas, isso sempre foi deixado de lado. É claro que essa é uma mensagem muito desconfortável. Desapego não é uma coisa popular. Ainda mais porque o desapego só funciona ser for autêntico. Não pode ser uma tática ou técnica esotérica para conseguir coisas. É preciso desapegar-se realmente. É a mesma coisa que rendição. Render-se ao Todo. Mas, isso é uma coisa muito forte e difícil para o ego. Praticamente impossível. É por essa razão que se fala que ou vai por amor ou vai pela dor. Vai pela dor depois de um sofrimento horrível. Não é necessário isso, mas como o ser não se rende só sobra uma alternativa. E a Teoria do Caos faz com que isso aconteça, mais cedo ou mais tarde. A mesma coisa acontece com a Alquimia. É exatamente o mesmo trabalho. Por isso foi codificada tão fortemente. Porque a mensagem era muito difícil de ser aceita. Toda a Alquimia é um trabalho de soltar tudo. Basta ter olhos de ver para entender os textos. Entender o significado oculto dos textos alquímicos.
Portanto, buscar o Reino dos Céus em primeiro lugar é desapegar. É mudar completamente a visão de mundo, a filosofia de vida e ajudar o máximo possível de todas as formas possíveis o tempo todo. Trabalhar, estudar e ajudar sem parar. Porém, para fazer isso é preciso que seja a Centelha Divina fazendo isso. Senão as reclamações serão inevitáveis. Se a pessoa soltar e começar a reclamar que não tem isso ou aquilo, que perdeu o emprego, que não consegue emprego, etc., de nada adiantou soltar. Não pode haver reclamação, nem ressentimento, nem dúvida. Ou se solta de verdade ou não é soltar. O desapego tem de ser real. Por isso, é preciso pensar e analisar muito para chegar no ponto de soltar. E é por isso que é tão difícil de entender o soltar. Somente depois de soltar realmente é que o que for melhor acontecerá. E o melhor não é o que o ego quer. Soltar a casa pensando que depois virá uma casa maior não é soltar. É apego. Soltar de verdade é sentir que é irrelevante se tem casa ou não. Se tem ótimo, se não tem ótimo. É isso que está explicado em todos os textos e livros taoistas. Deixar o fluxo da vida seguir como tem de ser. Esta é a ação através da não-ação. É trabalhar, estudar e ajudar o tempo todo sem cobrar resultados, sem esperar resultados, sem querer nada em troca. Sentir alegria de servir ao Pai e pronto. Só isso basta. Qualquer outra atitude é querer fazer negócio com o Todo. E isso é impossível.
Será que é possível sentir o Todo na própria vida? É possível, mas é preciso deixar o ego de lado. O ego não quer ouvir falar do Todo. A mensagem do Todo é antagônica ao ego, mas é a única que pode trazer realização ao ego. Para que o ego possa fazer o que tem de fazer é preciso abdicar de querer isso. O ego tem de abdicar das suas pretensões. Não tem condições. Não há meio termo. Ou a Centelha Divina assume ou o ego continua no comando. E o resultado do ego é a competição total. Exatamente como é desde os sumérios.
A única coisa que se precisa fazer para ser feliz na vida é deixar a Centelha Divina assumir a própria vida. É fazer a vontade do Todo. O Todo falará pela intuição o que deve ser feito. Deve-se separar a intuição verdadeira do que é racionalização do ego. Que é quando o ego imagina todo tipo de argumentos para justificar uma atitude. Lembrar do versículo: “os meus pensamentos não são os seus pensamentos”. Os pensamentos do Todo só podem ser entendidos pela Centelha Divina, que é o próprio Todo. É por esta razão que entregar a vida para a Centelha Divina é a mesma coisa que entregar para o Todo. Porque são a mesma coisa. Mas, isso vai contra a vontade do ego inevitavelmente. O aprendizado durante as inúmeras encarnações é para aprender a soltar. Encarna-se para aprender a soltar. Encarna-se nos mais variados planetas para vivenciar todo tipo de situação e ver se realmente soltou. Existem infinitas moradas na casa do Pai. Desde as mais primitivas até as mais sublimes civilizações.
A única opção que existe é deixar a Centelha Divina assumir a própria vida.
Hélio Couto